Eu adoro "chick lit", quando li meu primeiro livro desse gênero fiquei apaixonada, e saía procurando outros iguais, pois sabia que seria uma leitura agradável.
Literatura de mulherzinha?
"Chick lit é um gênero de ficção dentro da ficção feminina, que aborda as questões das mulheres modernas. Chick-Lits são romances leves, divertidos e charmosos, que são o retrato da mulher moderna, independente, culta e audaciosa.
Apesar de algumas vezes que inclui elementos românticos, a literatura feminina (incluindo chick lit) geralmente não é considerada uma subcategoria direta do gênero romance, porque, no Chick lit a relação da heroína com sua família ou amigos pode ser tão importante quanto a seus relacionamentos românticos.
A principal característica do Chick lit é a protagonista: que é do sexo feminino. Ela está, muitas vezes, tentando vencer (profissional e romanticamente) no mundo moderno. A idade dos personagens principais não importa, podem ser garotas do ensino médio até cinquentonas, suas histórias normalmente são bem humoradas e relatam o dia a dia da mulher moderna, sua rotina tripla, seus problemas amorosos, de peso, no trabalho, no namoro, no casamento, no divorcio".
Selecionei quatro livros considerados "Chick lits" que li recentemente para apresentar pra vocês, espero que gostem e vamos à eles:
"Fiquei com o seu número" - Sophie Kinsella
"A jovem Poppy Wyatt está prestes a se casar com o homem perfeito e não podia estar mais feliz... Até que, numa bela tarde, ela não só perde o anel de noivado (que está na família do noivo há três gerações) como também seu celular. Mas ela acaba encontrando um telefone perdido no hotel em que está hospedada. Perfeito! Agora os funcionários podem ligar para ela quando encontrarem seu anel.
Quem não gosta nada da história é o dono do celular, o executivo Sam Roxton, que não suporta a ideia de ter alguém bisbilhotando suas mensagens e sua vida pessoal. Mas, depois de alguns torpedos, Poppy e Sam acabam ficando cada vez mais próximos e ela percebe que a maior surpresa da sua vida ainda está por vir."
Quem não gosta nada da história é o dono do celular, o executivo Sam Roxton, que não suporta a ideia de ter alguém bisbilhotando suas mensagens e sua vida pessoal. Mas, depois de alguns torpedos, Poppy e Sam acabam ficando cada vez mais próximos e ela percebe que a maior surpresa da sua vida ainda está por vir."
Eu já ando meio enjoada da estrutura que a Sophie Kinsella usa nos livros, é sempre a mesma coisa, você meio que já sabe o que vai acontecer, fica aquela sensação de mais do mesmo.
Tenho que dizer que no caso do "Fiquei com o seu número" isso também acontece, mas de uma maneira que não chega a incomodar, não sei se é porque estava já há um tempo sem ler um livro dela, ou porque o livro realmente é bom.
Como sempre, existe um problema que a personagem principal fica protelando, um triângulo amoroso, um "galã" que acha a personagem maluquinha uma gracinha... Devo confessar que por vezes ouvia a voz da Becky Bloom enquanto lia a fala da personagem principal.
Acho que foi por isso que gostei do livro, ele me fez sentir como se eu estivesse lendo o primeiro livro da "saga Shoppaholic", ele não é cansativo como os outros, a história flui, as coisas se resolvem antes do final, e acima de tudo ele passa uma mensagem legal.
Aprendi com essa história que nem sempre o que achamos que uma pessoa pensa sobre nós é a realidade, e que precisamos aprender a dizer como nos sentimos, sem medo do que os outros vão pensar de nós.
Acredito que quando você não aprende nada com a leitura de um livro, por pior que ele seja, não foi uma boa experiência. Não é esse caso, aprendi e gostei muito de passar um tempo mergulhado nesse universo novamente.
"A última carta de amor" - Jojo Moyes
Ao acordar de um acidente de carro, em 1960, Jennifer Stirling não se lembra de nada. De volta à sua casa, ela tenta sem sucesso relembrar a sua vida antiga, ela sente que algo está faltando. Descobre então uma série de cartas de amor, e descobre que não só estava vivendo um romance fora do casamento como perecia disposta a deixar tudo pelo amante.
Quatro décadas depois, a jornalista Ellie Haworth encontra uma dessas cartas, e decide descobrir o que aconteceu com esse romance, ao mesmo tempo em que lida com sua própria vida amorosa não menos conturbada.
"Começara a calcular o abismo entre o que ela fora, uma criatura otimista, adorada, talvez até mimada, e a mulher que ela agora habitava."
Eu li esse livro sem muita pressa, não é daqueles livros que não consigo largar. Como sempre acontece comigo em leituras da Jojo Moyes, eu demoro pra começar a gostar do livro. Nesse caso eu até gostei do começo da história, logo de cara me identifiquei com a personagem da Ellie, a jornalista, e queria saber mais sobre ela, acompanhar sua história.
Quando o livro muda de época a leitura já ficou mais desinteressante pra mim, mas mesmo assim continuei até ser fisgada pela boa história que a autora conta nessa obra.
Conforme fazia a leitura fui identificando alguns motivos que me fez gostar do livro e outros que tornaram a leitura mais desafiadora, mas não tirou em momento algum o prazer de ler A Última carta.
" - Aprendi uma coisa há muito tempo: o se é um jogo muito perigoso mesmo."
1- Psicologia dos personagensÉ impressionante como a Jojo consegue construir os personagens de uma forma que você consegue entender exatamente como eles são, como pensam, que atitudes você esperaria deles. Cada pensamento que ela apresenta, cada ação de todos os personagens são compreensíveis, você entende de onde está vindo aquilo, porque ele é assim. Isso me chamou muito a atenção durante toda a leitura.
2- Personagens cativantes
Como disse no começo do post, eu gostei da Ellie logo de cara. Os personagens são cativantes, você gosta deles, torce por eles. Mesmo aqueles que não estão ao lado dos bonzinhos, acabam recebendo sua compaixão e em algum momento você vai se ver torcendo por eles.
3- Ironia
As falas, os diálogos, são muito bem construídos e mesmo se tratando de um livro muito romântico a ironia usada pelos personagens fazem o livro ficar engraçado e interessante, você meio que se derrete com o charme das palavras e sente um calorzinho no coração com as ironias salpicadas aqui e ali.
4- Bem montado
O livro é muito bem montado, e isso faz com que sejamos constantemente surpreendidos pela autora. Como a história se passa em duas épocas diferentes se não houvesse uma boa montagem das "cenas" não entenderíamos bem o enredo da obra. No entanto, nesse livro tudo se encaixa e a sensação é de que tudo faz sentido.
"Tasha Harris, Abre o Jogo" - Jane Green
"Tasha, é o modelo perfeito da nova mulher moderna, que vai à luta, tem vida social intensa sem, jamais, perder o glamour. Tasha tem 30 anos, é solteira e trabalha como produtora de televisão e, apesar de não aceitar perder seu status de mulher independente e profissional, ela não consegue abandonar o sonho romântico de encontrar seu príncipe. Mas o problema é que às vezes o feitiço acaba virando contra o feiticeiro e o príncipe acaba se transformando num sapo. No entanto, é necessário mais do que um encanto quebrado para tirar o senso de humor e a pose moderna de Tasha."
Gostoso de ler
A leitura dessa obra é fácil e fluida, parece até que a narradora está conversando com a gente em uma mesa de bar. É como se fossemos parte da "irmandade" dela. O jeito dela contar a história é como uma conversa de amigas, com sinceridade, com palavrões, sem papas na língua. A leitura nos agrada porque sentimos que ela faz parte das nossas vidas, como se fosse mesmo uma de nossas colegas de trabalho ou até uma amiga íntima.
"... o problema com a irmandade é que ainda nutrimos esperança. Fingimos que somos felizes com nossas vidas e quando vemos um casal se beijando enfiamos um dedo na garganta como se fossemos vomitar, mas sonhamos com o amor."
Como na realidade
O livro fala da realidade dos relacionamentos, não só entre homens e mulheres, mas entre os amigos. Como nos sentimos em relação à eles, nada de somente sentimentos puros, mas o que realmente pensamos e como agimos na vida real. Ela consegue retratar bem como é a amizade entra as mulheres, as conversas, o que é dito e o que não é, assim como os sentimentos por trás de cada atitude em um grupo de mulheres.
"Vou devagar porque não é a primeira vez que isso acontece e nas outras vezes eu o xinguei de todos os nomes sob o sol, e três semanas depois, eles fizeram as pazes, gloriosamente infelizes como só eles sabem ser"
As feministas piram
O livro com certeza tenta passar uma mensagem de auto valorização da mulher, mas antes disso ele te deixa com muita raiva, mas acredito que isso seja uma forma de crítica da autora. E sua intenção é mexer com você, fazer você odiar as personagens às vezes, mas será que se você olhar para sua própria vida, não estará cometendo os mesmos erros?
"- Obrigado, Tasha. E tenho que dizer que você também está maravilhosamente comível."
Vê melhor quem vê de fora
Essas amigas passam por várias coisas que todas as mulheres enfrentam em seus cotidianos, a procura pelo amor, a falta de auto estima confundida com liberdade sexual, os relacionamentos abusivos. Dá um certo desespero ver por tudo o que elas estão passando sem conseguir enxergar, mas é aí que o livro nos ensina a olhar para nós mesmas, a pensar e refletir sobre nossos relacionamentos.
"Ele me disse que eu tinha engordado, que eu parecia uma matrona, uma solteirona feia. Disse que só estava comigo por hábito, por sorte minha, porque se não estivesse, eu nunca encontraria outro homem."
Sex and the city
Se você gostava de assistir à série Sex and the city, vai gostar desse livro. Parece muito com o seriado o fato de termos quatro amigas, cada uma com suas aventuras amorosas, conversando abertamente sobre sexo, homens, a vida de solteira, a procura pelo verdadeiro amor.
"Ninguém no trabalho entendeu por que, de repente, eu estava tão feliz, mas é claro que você sabe, não sabe? Eu achei que tinha me deparado com o amor outra vez."
"Quem sabe um dia" - Lauren Graham
"Franny Banks deu a si mesma três anos para conseguir se estabelecer como atriz. E agora está faltando apenas seis meses para o fim do prazo mas ela não conseguiu grandes avanços. Todas as suas fichas estão depositadas em uma mostra dos alunos do curso de teatro do qual faz parte com diversos agentes presentes. Assim, resta a Franny lutar contra a conta bancária, o cabelo indomável, o tempo e a própria sorte para conseguir aquilo que acredita ser seu por direito."
Quando comecei a ler fiquei com um certo medo, de me decepcionar com esse ser humano que eu adoro, e que agora estava se arriscando no mundo da literatura. Ou seja, eu comecei a ler querendo gostar.
Devo admitir que querer não é poder, confesso que no começo o livro não me prendeu muito. Estava achando a narrativa meio estranha, parecia que a tradução não estava muito legal, mas com o tempo fui me acostumando.
Sim, a atriz sabe escrever e existe uma boa história no livro. Acho que ela conseguiu passar bem o que a vida de uma aspirante a atriz, a espera, a incerteza, insegurança de um trabalho desse tipo.
Vi comentários em que pessoas acharam que a protagonista era um pouco insegura, eu acho que não é bem assim, pelo contrário, para alguém que vive uma vida tão instável acho que ela até que segura bem as pontas!
Simples mas emocionante
Você acompanha o cotidiano da protagonista, e a rotina das pessoas pode não ser algo tão atrativo a ponto de se escrever um livro sobre isso. Ainda mais quando a história trata da espera, a espera por um telefonema, por uma resposta, por um trabalho, uma chance.
No entanto, a Lauren consegue passar uma certa apreensão, uma certa tensão, pois a vida de Franny agora é meio tudo ou nada e cada acontecimento em sua carreira acaba sendo muito emocionante.
Isso, mesmo em um livro sobre uma história simples, faz com que você queira ler "só mais um capítulo". Ela constrói muito bem o enredo, em nenhum momento você sente que tem algum buraco na trama, tudo flui, e você fica amiga dela e dos amigos dela também.
Engraçado
A Lorelai era muito engraçada, mas não vi essa personagem no livro. Com certeza Lauren usou o conhecimento sobre a vida de atriz e tudo o que os atores passam antes de ficarem famosos, mas não acho que Franny fosse a Lauren, acredito que a personagem acabou ganhando vida própria.
Mas mesmo assim, a história tem muitos momentos engraçados que me fizeram lembrar da Lorelai. E olha que eu não sou dessas pessoas que ficam gargalhando ao ler um livro, eu sou meio britânica nessas horas e dou no máximo um sorriso. Porém, alguns trechos desse livro me fizeram rir de verdade, a ponto das pessoas perguntarem do que eu estava rindo!
Uma dica
Se você quiser ter uma leitura mais profunda da obra eu recomendo que leia antes o conto Franny e Zooey de J.D.Salinger. Não é fundamental e nem faz muita diferença se você não ler, mas se sim terá com certeza uma outra visão da obra!
"Em ´Franny e Zooey´, J.D. Salinger apresenta um conto narrado por Buddy, membro da estranha família Glass. A obra mostra acontecimentos importantes nesta família excêntrica."